Sondando a Consciência – Parte 1

“Sondando a Consciência” é um livreto de aproximadamente 30 páginas escrito por Jonathan Edwards. Sua principal finalidade é conscientizar o leitor sobre os pecados que permanecem encobertos e, acarretam frieza espiritual. Assim, o pregador, em conformidade com os princípios da Palavra de Deus, delineia como os cristãos devem manter uma vigilância constante, atentos aos pecados que podem escapar à sua percepção.

Além disso, é importante ressaltar que a tarefa de sondar a consciência não é fácil, dado que o coração humano é propenso a enganos e repleto de desvios morais, dificultando uma análise precisa dos fatos. Entretanto, embora desafiador, é uma atividade altamente recomendada pelas Escrituras.

Nesse sentido, Jonathan Edwards oferece valiosos ensinamentos que orientam o leitor em direção a uma vida santa e submissa à autoridade divina. E, sob essa realidade, desejo destacar alguns ricos ensinamentos obtidos nessa obra.

A Tarefa de Sondar a Consciência

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.”

Salmos 139:23-24 – Almeida Corrigida Fiel

O pregador reformado, Charles Spurgeon descreve o Salmo 139 como um “notável hino sacro que celebra a onisciência e onipresença de Deus”. Nesta bela expressão, Spurgeon destaca um dos consolos mais profundos para os cristãos, o qual Jonathan Edwards, também, ressalta no livro: a certeza de que nada está oculto aos olhos divinos. Em essência, Deus tudo sabe, tudo sonda e tudo conhece. Em outras palavras, não existem mistérios para Deus – passado, presente ou futuro.

Esta verdade é extraordinária, pois enquanto as limitações humanas impedem que compreendamos totalmente a nós mesmos, o Senhor revela sem esforço e de maneira completa as profundezas do nosso ser.

Dessa forma, evidenciando essa verdade, o salmista humildemente suplica a Deus que o examine. Não porque Deus precisa conhecê-lo, pois Ele já conhece o íntimo da estrutura de Davi, mas para que o salmista possa enxergar e reconhecer os pecados em seu próprio coração.

Ademais, a vida de Davi ilustra seu constante exame dos próprios caminhos, conforme registrado no Salmo 19:12. No entanto, o salmista revela uma sabedoria notável ao não depositar plena confiança em seu próprio coração e discernimento. Davi reconhece que seus olhos podem falhar na percepção, seu coração pode interpretar erroneamente causas, e suas emoções podem influenciar negativamente a avaliação de seus atos. Então, ele busca o conhecimento divino para, em fim, obter o favor da Graça Divina.

Assim sendo, Davi demonstra compreender que seus pecados, mesmo os “ocultos”, são tão ofensivos à santidade divina quanto aqueles que são “conhecidos”. E, consequentemente, reconhece a necessidade de perdão para ambos, assumindo a importância da misericórdia divina em sua busca por reconciliação.

Os Pecados Desconhecidos

Também, é crucial destacar que a incapacidade de reconhecer os pecados do coração não decorre de uma falta de orientação externa. Deus, sem dúvida, revelou os caminhos que todos os seres humanos deveriam seguir, por meio de seus mandamentos. Logo, diante dessa clareza divina, a dificuldade reside, em grande parte, na natureza cega e enganosa do pecado.

Nesse sentido, é fundamental reconhecer que à medida que o pecado é nutrido, a mente humana torna-se mais suscetível a sua influência. O pecado ilude, manipula a vontade e distorce o discernimento, obscurecendo a compreensão. Consequentemente, observa-se uma alteração aparente naquilo que o indivíduo percebe como pecado, pois essa malignidade pode facilmente adquirir uma aparência atraente e aceitável aos olhos.

Entretanto, independentemente da percepção humana, o pecado permanece, diante de Deus, como uma séria afronta à Sua natureza, merecendo a mais severa punição.

“Quanto mais prevalecem os desejos de um homem impuro, mais agradável o pecado lhe parecerá, e mais ele tenderá a pensar que não há mal nisso”

Jonathan Edwards – “Sondando a Consciência”

Sondando a Consciência: os pecados “justificáveis”

Ainda, é válido destacar o amor próprio como uma das razões principais que leva as pessoas a permanecerem cegas e desprovidas de entendimento em relação aos próprios erros. Recentemente, descobri que existe um tipo de “amor próprio” que não é pecaminoso (o que pensava ser impossível) e, surpreendentemente, é apresentado por Jonathan Edwards em “Caridade e Seus Frutos”link na Amazon – um excelente livro que é altamente recomendado pelo blog. Não deixe de ler, caso queira saber mais sobre o assunto!

Voltando ao assunto…


O amor próprio, conforme comumente entendido, inclina as pessoas a justificarem seus pecados. Elas tendem a ser naturalmente tendenciosas a seu próprio favor, transformando suas ações malignas em supostas “virtudes”. Como resultado, conferem nomes honrosos a seus comportamentos prejudiciais, buscando o reconhecimento de seus atos negativos como algo positivo. Como o autor exemplifica: “eles chamam a ‘avareza’ de ‘prudência’ e a ‘ganância’ de ‘negócio inteligente'”

“As pessoas têm a tendência de adaptar os seus princípios à sua prática, e não o contrário. Além de permitir que seu comportamento se conforme com a consciência, despenderão uma energia tremenda tentando fazer com que sua consciência se adapte ao seu comportamento”

Jonathan Edwards – “Sondando a Consciência”

Sondando a Consciência: Sutilezas de Satanás

Além do mais o demônio emprega uma estratégia astuta ao explorar as poderosas paixões humanas, dedicando-se intensamente para obscurecer a consciência em relação ao pecado. Desse modo, ele insinua a ideia de que somos mais virtuosos do que verdadeiramente somos, obscurecendo e enganando, seguindo o padrão estabelecido nos primórdios da humanidade com os primeiros pais. Essa trama, infelizmente, persiste até os dias atuais.

“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.”

João 8:44 – Almeida Corrigida Fiel

Enfim, nesse artigo vimos alguns dos motivos pelos quais os homens falham em sondar a sua consciência e os perigos da cegueira espiritual em relação aos pecados. Contudo, na segunda parte deste artigo, exploraremos como Jonathan Edwards nos orienta a identificar nosso próprio pecado e a realizar um autoexame dos nossos atos, com o intuito de vivermos uma vida santa para a glória de Deus. Portanto, recomendo que aguarde o próximo episódio para continuar esta jornada. Até lá 😉

[continua…]

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