“A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia”, escrita por Samuel Johnson, perdura além do tempo como um ícone literário. Nesta obra, desdobrando-se ao longo de 384 páginas, exploramos as profundezas da psicologia humana, os abismos da insatisfação e a busca incessante pela verdadeira felicidade.
Além disso, este clássico atemporal não se restringe a narrar a jornada dos personagens, mas reflete vividamente a inquietação da alma aparentemente destituída de significado. À medida que os protagonistas enfrentam desafios emocionais e morais, provocam o leitor a mergulhar em reflexões profundas sobre os dilemas universais da condição humana.
Assim, “A História de Rasselas” se destaca como um marco no romance filosófico . Além disso, permanece como um farol para todos que buscam compreender as complexidades da natureza humana e a eterna busca pela felicidade autêntica.
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Nome do Livro: A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia
Autor: Samuel Johnson
Número de Páginas: 384 páginas
A Busca pela Felicidade no “Vale Feliz” de Samuel Johnson
A trama acompanha a vida do príncipe Rasselas, membro da realeza abissínia e quarto filho do Imperador, residindo inicialmente no “Vale Feliz”.
Este vale, como o nome sugere, é habitado por indivíduos imersos em um estado de felicidade aparentemente perfeito. Tão marcante é esse contentamento que os visitantes estrangeiros que cruzam suas portas anseiam que sua alegria ali seja eterna, recusando-se a partir. Esse magnetismo se deve às diversas qualidades que permeiam o vale, como a sua beleza natural deslumbrante, segurança inabalável, laços de amizade genuínos, uma educação ímpar, celebrações constantes e, cruciais para os habitantes, a realização de todos os desejos mais profundos do coração humano.
Dessa forma, o vale se configura como um local onde a busca pela felicidade se torna o objetivo supremo daqueles que todos habitam. Um lugar onde a satisfação é oferecida sem restrições, desde o simples prazer da música até a ausência total das agruras laborais.
Rasselas: Um Espelho da Felicidade Humana Questionada por Samuel Johnson
Entretanto, o suposto paraíso é desafiado por Samuel Johnson por meio da introdução do personagem Rasselas. O autor utiliza o príncipe como uma lente para explorar uma visão mais realista e intricada da felicidade humana. Nesse contexto, o personagem questiona as noções convencionais da sociedade sobre o que realmente nos traz felicidade.
Assim, o livro convoca os leitores a se aprofundarem na natureza da felicidade, ultrapassando a ideia simplista de que a mera ausência de desejos insatisfeitos constitui o caminho para uma vida verdadeiramente feliz.
Ainda, Johnson desafia o senso comum da sociedade contemporânea, conduzindo gradualmente a uma reflexão sobre a complexidade subjacente à busca pela satisfação e ao significado intrínseco da existência humana.
- Se você se interessa por mais livros de histórias com ensinamentos proveitosos, leia, também, “A Saga de Wingfeather: Nos Limites do Mar Sombrio da Escuridão”
A Insatisfação da Natureza Humana descrita por Samuel Johnson
Sob essa realidade, o livro de Samuel Johnson demonstra que a busca pela felicidade é um anseio atemporal no ser humano. Considerando o século XXI, notamos o aumento significativo da insatisfação, de modo que muitos se apresentam como detentores da fórmula para alcançar uma felicidade genuína.
À exemplo, existem os chamados “Coaches Motivacionais”. Esses homens associam a plenitude humana a uma série de elementos, como dinheiro, saúde, educação, bem-estar e autoestima, entre outros aspectos. Entretanto, quanto mais cresce essa profissão maior são os casos de infelicidade e de depressão na sociedade.
Isso nos diz que, embora, anunciem-se que a satisfação poderia ser encontrada nas alegrias momentâneas ou, no mínimo, fúteis, somos constantemente lembrados de nossa complexidade. Logo, nossa busca pela plenitude transcende as alegrias passageiras deste mundo ou qualquer utopia imaginada no presente século.
Diante disso, não há surpresas, o cristão sabe que como ser criado a imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-28) seu desejo transcende qualquer objeto terreno. Assim, nenhuma alegria profissional, cultural ou social há de satisfazer seu coração. Resumindo, sempre que um homem negar Deus como a única fonte da verdadeira alegria, ele haverá de decepcionar a sua alma.
” Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.”
João 15:11 – Almeida Corrigida Fiel
Nesse sentido, o autor deste livro ilustra magistralmente essa complexidade humana por meio das mudanças nos desejos do personagem Rasselas. Este, afastando-se dos entretenimentos efêmeros e das festividades da realeza, das quais já não obtém prazer, passa a solidão da caminhada e a contemplação silenciosa. Essa transformação não reflete apenas a evolução do personagem como também questiona a essência da verdadeira satisfação humana, buscando incessantemente contentamento genuíno.
Os Profundos Questionamentos do Príncipe, ou melhor, da Humanidade
Dando continuidade, o Príncipe Rasselas se vê confrontado pelo vazio trazido pela aparente felicidade do “Vale Feliz” . Há uma lacuna em sua alma que este local paradisíaco claramente não conseguiu preencher. Assim, o príncipe começa suas jornadas solitárias e questionamentos interiores. Essa é uma das partes incríveis do livro que convidam o leitor a refletir sobre a essência da natureza humana.
![um príncipe sentado no gramado olhando uma bela paisagem natural, descrevendo o príncipe Rasselas de Samuel Johnson](http://preciosamemoria.com/wp-content/uploads/2023/11/principe-rasselas-e-a-existencia-de-samuel-johnson.webp)
Desse modo, o autor envolve os leitores. Pois, muitos já passaram por experiências semelhantes e chegaram ao momento de se perguntarem sobre o propósito de suas vidas.
“O homem certamente tem algum sentido latente para o qual este lugar não oferece gratificação; ou tem algum desejo distinto do sentido, que deve ser satisfeito antes que ele possa ser feliz” (Página 22).
A vista disso, uma narrativa ressoa especialmente com aqueles que já enfrentaram a desilusão de perceber que, mesmo com a realização de todos os seus desejos terrenos, lhes faltava um significado mais profundo para dar propósito às pulsações de seus corações. Por conseguinte, chegaram a um anseio que muitos homens demoram (ou nunca chegam) a contemplar: o âmago da alma.
“Eu gozei demais: dê-me algo que desejar ” (página 24).
O Caminho da Verdadeira Felicidade: A Jornada de Rasselas
Imersos nesse contexto, o leitor embarca em uma jornada ao lado do Príncipe Rasselas, em busca da verdadeira felicidade.
Então, após um diálogo com seu antigo mentor, que percebe a inquietação constante de Rasselas e tenta incentivá-lo a redescobrir a alegria no “Vale Feliz”, o príncipe chega à conclusão de que, para compreender a essência da verdadeira felicidade, ele precisa explorar a miséria enfrentada por aqueles que vivem longe do seu paraíso.
“Você me deu algo para desejar. Eu desejo ver as misérias do mundo, uma vez que a visão delas é necessária para a felicidade”
Ao expressar o seu desejo de ver as aflições do mundo, Rasselas inicia sua aventura. O pensamento por traz dessa iniciativa não é incomum na sociedade moderna. Existe a crença de que a felicidade está entrelaçada à compreensão do sofrimento alheio. Essa visão argumenta que para valorizar algo de extrema importância na vida, é necessário, de alguma forma, desconsiderá-lo ou experimentar seu oposto – no caso do príncipe, abandonar a felicidade do “Vale Feliz” para se confrontar com a miséria além de seus limites.
Assim, é nessa nova perspectiva que o príncipe encontra uma sensação renovada de prazer e paz, pois subitamente encontra um propósito claro e definido, uma missão que confere sentido à sua existência.
Enfim, o príncipe decide ir além dos limites do “Vale Feliz”. E é assim que nossa aventura, junto com Rasselas, começa…
![um príncipe arrumando suas malas de viagens](http://preciosamemoria.com/wp-content/uploads/2023/11/principe-rasselas-alem-do-vale-feliz.webp)
Agora, resta saber por quanto tempo esse propósito de vida persistirá. Além disso, deve-se considerar se este é, de fato, um caminho viável na busca da verdadeira felicidade ou se, novamente, a alma sedenta do príncipe (e talvez, a do leitor) será decepcionada.
Uma Recomendação Literária
Em síntese, “A História de Rasselas, Príncipe da Abissínia” é uma obra que merece ser lida. É um dos melhores livros filosóficos que eu já li. É simples na escrita, mas sensacional no que tange ao seu conteúdo. Sem, é claro, ressaltar como Samuel Johnson discorreu um tema questionado desde o início da filosofia por Sócrates, Platão e Aristóteles.
Então, se você está interessado em explorar os dilemas universais da condição humana, este livro é uma escolha excelente. Caso embarque nessa leitura e seja cristão, tenho certeza que será de maior proveito se submeter a leitura a Verdade revelada nas Sagradas Escrituras.
Sem mais, boa leitura!
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